8 dicas para começar a pós-graduação com o pé-direito

Começo de ano é sinônimo de início de pós-graduação para muit@s. Se for seu caso, este texto é especialmente para você. De qualquer forma, a maioria destas dicas vale também para você que já está no meio do curso. Aqui resgatamos algumas recomendações que trouxemos ao longo do ano passado e que podem ser de grande valia se forem tidas em conta desde o começo do curso.

#CUIDE DA SUA SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Muit@s estudantes elaboram seu projeto de pesquisa tendo como principal objetivo conquistar a vaga na pós-graduação. Com isso, relegam seus interesses pessoais a segundo plano; o que pode resultar em falta de motivação.

Pensam que podem ajustar o projeto durante o curso. Mas acabam tendo que cursar disciplinas, ler e sintetizar uma enorme quantidade de bibliografia, produzir artigos científicos, participar de congressos, etc. e o projeto acaba ficando na gaveta.

É comum que o desinteresse pela própria pesquisa, aliado ao tempo exigido para as demais atividades do curso, desestruture emocionalmente @s pós-graduand@s. Muitos chegam a desenvolver quadros de estresse, ansiedade e depressão.

Uma evidência da gravidade disso é o aumento do número de casos de suicídio nas universidades brasileiras. Por isso é tão importante ficar atento aos sinais dessas enfermidades.

Uma pesquisa realizada em 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), identificou sete sintomas que devem servir de alerta: falta de ânimo para atividades sociais, levando ao isolamento, aumento da irritabilidade, mudança no apetite, diminuição da motivação, dificuldade de concentração, inabilidade com a pesquisa, insônia ou sono não reparador.

Caso precise de ajuda para resguardar sua saúde física e mental, saiba que não está sozinho. Existem vários profissionais que podem apoiá-l@. Um deles é @ coach, que lança mão de várias técnicas para que você mantenha o equilíbrio emocional.

Para saber mais sobre como cuidar da saúde física e mental durante a pós-graduação, leia o artigo Como manter o equilíbrio emocional na pós-graduação.

#FAÇA PLANEJAMENTOS DE CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO

A falta de planejamento e organização da pesquisa é um dos fatores que fazem @s pós-graduand@s se desestabilizarem emocionalmente. Para evitar que o tempo se esvaia e termine gerando quadros de estresse e ansiedade, planeje a curto, médio e longo prazo.

Uma visão abrangente do processo é fundamental para que tenhamos clareza em que é mais importante focar. Planejamentos de médio e longo prazo evitam que você assuma compromissos de menos importância, que roubam seu tempo e prejudicam o alcance de suas metas.

O planejamento de longo prazo deve conter todas as datas importantes do protocolo da pesquisa, tais como: data de entrega dos relatórios, data da qualificação, prazos limites para os exames de proficiência em língua estrangeira, exigências de publicações em revistas, datas de congressos importantes, data da defesa final, entre outras tarefas de prazo estendido.

O planejamento de médio prazo serve para organizar as atividades bimestrais ou semestrais, como datas de entrega dos artigos das disciplinas cursadas e outras atividades importantes do período.

O planejamento de curto prazo vai evitar que você se foque em compromissos imediatos, que desviam sua atenção das atividades que levam em direção aos objetivos. Esse tipo de planejamento pode ser semanal e diário e deve contemplar tanto compromissos acadêmicos quanto pessoais.

Um planejamento bem feito previne a autossabotagem e evita perda tempo com tarefas que não contribuem para o alcance dos objetivos.

Para saber mais sobre como elaborar um planejamento eficiente, leia o artigo Dicas para elaborar o planejamento da pós-graduação.

#CRIE HÁBITOS QUE FAVORECEM O ATO DE PESQUISAR

A pós-graduação requer capacidades e habilidades diferentes das exigidas por níveis educacionais anteriores. Por isso, quem não se prepara corre o risco de se abalar emocionalmente.

Essa preparação envolve, muitas vezes, livrar-se de hábitos que empacam o processo de pesquisa. Esse é um esforço necessário para que o planejamento vire realidade!

Hábitos são padrões comportamentais automáticos que se imprimem em nossas mentes. São consequência natural da nossa neurologia e servem para automatizar rotinas e poupar energia para atividades inventivas. Quando o hábito dispara, outras regiões do cérebro param de participar da tomada de decisões.

De acordo com Charles Duhigg, autor do livro O poder do Hábito, os hábitos funcionam num loop formado por três estágios: 1) gatilho ou deixa, que indica qual hábito deve ser acionado e estimula o cérebro a entrar no modo automático; 2) rotina, que pode ser física, mental ou emocional; 3) recompensa ou satisfação de um anseio; que faz com que o cérebro avalie se vale a pena memorizar o loop para ser utilizado no futuro.

Com a repetição do loop, o gatilho e a recompensa se entrelaçam de tal maneira que surge um poderoso senso de antecipação e desejo. É através desse mecanismo, que alimenta um vício, que um hábito se instala.

Quando você entende o loop do hábito, pode estabelecer novas rotinas até que um padrão seja criado e passe a se desenrolar automaticamente. Para isso, é preciso identificar o anseio que aciona determinado comportamento e encontrar um gatilho que mobilize uma nova rotina capaz de satisfazer esse mesmo anseio.

Tente identificar mecanismos de hábitos que possam estar lhe causando bloqueios e impedindo que você avance nos estudos. Assim, é possível criar hábitos mais saudáveis que ajudem você a obter sucesso nas atividades acadêmicas. Fazendo isso, você ainda evita a autossabotagem e a procrastinação.

Para saber mais sobre como mudar seus hábitos, leio o artigo Como os hábitos afetam o desempenho acadêmico.

#IDENTIFIQUE AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DOS PÓS-GRADUANDOS

Através de uma enquete que realizamos sobre a necessidade dos acadêmicos, constatamos dificuldades de ordem emocional e racional que afetam o desempenho d@s pós-graduand@s. Conhecê-las é fundamental para que você possa se preparar de antemão para lidar com elas, caso surjam.

As principais dificuldades racionais que apareceram no levantamento foram: elaborar o projeto de pesquisa; delimitar o tema; estabelecer os objetivos e a questão de pesquisa; escolher os referenciais teóricos; definir a metodologia; ser hábil na leitura e na escrita; fazer fichamentos, sínteses, resumos, resenhas e artigos; organizar o material estudado; escrever a monografia, dissertação ou tese; organizar a apresentação do trabalho.

As dificuldades de natureza emocional apontadas mais frequentemente foram: entender os mecanismos mentais do desequilíbrio emocional; superar os medos; prevenir o estresse;  mudar hábitos; identificar a autossabotagem e as causas da procrastinação; proteger-se da autossabotagem e da procrastinação e superá-las; administrar o tempo; mudar o mindset; livrar-se de crenças limitantes; organizar e planejar o processo de pesquisa.

Para saber mais sobre esse assunto, leio o artigo Dificuldades dos acadêmicos no processo de pesquisa.

#INVISTA EM COACHING E MENTORIA

O coaching e a mentoria têm alto potencial para a educação, pois são metodologias centradas no autoconhecimento e na autonomia dos agentes educacionais. Podem ser utilizadas tanto com estudantes como com professores, gestores ou pais para potencializar as habilidades, as competências e o aprendizado d@s alun@s.

Há pessoas que, apesar de talentosas, não conseguem exteriorizar os recursos que têm. Ficam paralisadas, desmotivadas, sem foco, sem energia e, às vezes, acabam entrando num processo depressivo. O coaching e a mentoria permitem identificar as dificuldades e mapear bloqueios ou vícios emocionais que criam barreiras para o aprendizado e desenvolvimento de seus educand@s.

O processo de coaching é conduzido pel@ coach, profissional que aplica metodologias, ferramentas e técnicas capazes de elevar a performance de indivíduos, grupos ou empresas. Baseia-se em questionamentos que fazem com que @ coachee encontre por si mesm@ soluções para seus problemas. Isso é feito com base em três pilares que, segundo Lages e O’Connor (2004), sustentam esse processo: metas, valores e crenças.

Meta é o que se deseja alcançar. Para atingi-la, é preciso mapear as crenças e os valores, que influenciam as ações. Os valores são os elementos que impulsionam nossas vidas; as crenças, opiniões arraigadas que influenciam nossos comportamentos e direcionam nossas decisões.

Já a mentoria se baseia na troca de conhecimentos entre um profissional experiente e um novato em determinada área. O primeiro é o mentor – em geral alguém que já vivenciou e superou boa parte das problemáticas da profissão – e sua função é orientar um iniciante, passando adiante seus conhecimentos e experiências.

Embora sejam metodologias diferentes, o coaching e a mentoria podem ser aliadas e utilizadas em conjunto em processos de redescoberta e redirecionamento de metas e ações. Ambas apostam na conversação e no respeito às diferenças de opiniões, crenças e valores.

Para saber mais sobre os benefícios do coaching e da mentoria para pós-graduand@s, leia o artigo Coaching e mentoria na educação.

#APRENDA A LIDAR COM A PROCRASTINAÇÃO

Você não é a única pessoa que deixa para depois o que deveria fazer agora. Em maior ou menor medida, todos procrastinamos, pois a procrastinação é oriunda de fatores genéticos resultantes do processo evolutivo da humanidade. Isso foi o que revelaram pesquisas realizadas na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, e divulgadas em um artigo publicado no jornal Psychological Science.

A procrastinação está ligada à nossa mente emocional. De acordo com o Dr. Daniel Goleman, o cérebro emocional humano, localizado no sistema límbico, antecedeu o aparecimento do cérebro racional, situado no neocórtex, no processo evolutivo.

As áreas cerebrais ligadas às emoções se entrelaçam com o neocórtex através de milhares de circuitos de ligação, fazendo com que influenciem o funcionamento global do cérebro.

Isso protege o ser humano em momentos de perigo à sobrevivência, guardando memórias inconscientes na amígdala. O cérebro conta com um sistema de alarme complexo constituído por elementos químicos que, com base nessas memórias, preparam o corpo para lutar ou fugir cada vez que vivenciamos uma grande tensão emocional.

O problema é que esse hábito nos coloca em apuros, gera ansiedade e, muitas vezes, nos impede de avançar em nossas conquistas. Para blindar-se da procrastinação, é importante conhecer esse complexo mecanismo cerebral e as razões que nos levam a adiar as tarefas.

O professor de comportamento organizacional da Universidade de Calgary, Dr. Piers Still, descobriu algumas causas que fazem as pessoas procrastinarem. São elas: personalidade, distrações do dia a dia, tarefas chatas e/ou banais, tarefas muito difíceis e/ou longas, medo de falhar, achar que o tempo não é suficiente.

Todas essas causas podem ser amenizadas se você: evitar se colocar em situações que despertem o mecanismo primitivo de atenção imediata, reduzir a quantidade de tarefas tediosas, dividir tarefas complexas em tarefas menores, organizar seu tempo, anunciar publicamente suas decisões, fizer primeiro o mais importante, souber dizer não e transformar seus hábitos.

Para mais detalhes sobre como lidar com a procrastinação, leia o artigo Como vencer a procrastinação e potencializar a concentração nos estudos.

# TENHA CONSCIÊNCIA SOBRE A VIDA ACADÊMICA

Ter clareza sobre seu futuro profissional é fundamental para se preparar bem. @s professor@s universitári@s exercem atividades de pesquisa, ensino e extensão, além de assumirem funções administrativas. São responsáveis também pela produção científica nas universidades, escrevendo livros e compondo os conselhos editoriais de revistas, livros e anais de congressos.

Com a falta de oportunidades de emprego, aumentou a quantidade de pessoas interessadas em se tornarem professor@s universitári@s. @s diplomad@s têm prolongado sua estada na academia e visto na pós-graduação uma oportunidade para se qualificar, tendo uma bolsa de estudos, e ampliar a possibilidade de campo de trabalho.

Transformar-se em docente do magistério superior envolve galgar etapas. É necessário, no mínimo, finalizar uma graduação e fazer mestrado na área em que deseja atuar. Mas só com isso o campo é muito restrito.

É recomendável ‒ indispensável em alguns casos ‒ fazer especialização, doutorado e pós-doutorado e adquirir experiência docente. Sugere-se participar de projetos de extensão, atuar como tutor ou se envolver em projetos de iniciação científica. Tudo isso para ter um currículo competitivo para participar de concursos públicos ou processos seletivos.

Você precisa também definir a área na que deseja atuar e, para isso, é bom ter em conta os requisitos que vêm sendo exigidos em concursos públicos e processos seletivos.

Mesmo optando pela carreira acadêmica, você precisa ter conhecimento profundo da profissão para formar profissionais competentes. Por isso, procure conhecer bem as características da área e as funções que @sprofissionais da área exercem. É recomendável ainda um mínimo de experiência no mercado de trabalho.

A carreira acadêmica exige atualização constante, tanto como aluno quanto como professor. Diploma não garante conhecimento para toda a vida. Seja curioso, procure se manter atualizado sobre sua área e sobre os avanços das pesquisas em torno dela.

Para saber mais sobre as características da carreira acadêmica, leia o artigo Você sabe em que consiste a carreira acadêmica?

#APRIMORE SEU PROCESSO DE ESCRITA

Quem se aventura a fazer uma pós-graduação geralmente sabe que terá de produzir artigos, ensaios, monografia, dissertação ou tese. Mas nem todos têm clareza sobre as particularidades desse tipo de escrita.

O texto acadêmico é argumentativo e se baseia em leituras de textos teóricos relacionados com o tema abordado. É geralmente por aí que se começa a pesquisar, buscando fontes científicas que possam embasar o trabalho. As primeiras fontes a serem levantadas são as que vão demonstrar a relevância do tema escolhido pel@ pesquisador. Logo se mobiliza referenciais teóricos que sustentem o argumento.

O problema é que, muitas vezes, @s estudantes se sentem desorientados diante da quantidade de informação levantada. Realizam várias leituras, mas, na hora de escrever, não conseguem construir uma argumentação consistente.

Em função disso, muitos trabalhos não trazem novidade, nem colocam a autoria em evidência; apenas reproduzem reflexões elaboradas pel@s autor@s que integram as referências.

Mas como levantar informações para o argumento de maneira consistente e fluida? Com organização e disciplina desde o início do processo de pesquisa.

É recomendável que @s pós-graduand@s tenham um caderno de notas e façam fichamentos e sínteses dos materiais que leem. Se o repertório for muito vasto, é mais eficaz recorrer a softwares que ajudam na organização das fontes e na marcação das partes importantes, por intermédio de tags que facilitam a busca de informações.

A escrita criativa, autoral, argumentativa e bem estruturada também pode ser estimulada com a curadoria e a gamificação. Essas metodologias permitem a emergência do novo a partir do já existente através de uma recombinação que traz à tona a autoria, problematizando e fortalecendo um argumento.

A gamificação torna o processo da escrita prazeroso, propondo que ele seja encarado como um desafio, como ocorre nos jogos. Já a curadoria favorece a elaboração do conhecimento científico porque é realizada em etapas que coincidem com as fases do processo de pesquisa: diagnóstico, exploração, elaboração e criação.

Para maiores detalhes sobre como tornar o processo de escrita mais leve e divertido, leia o artigo Curadoria e gamificação na escrita acadêmica.

Sobre a Autora Dr. Ivane Almeida Duvoisin

Durante mais de trinta anos de experiência como professora universitária, Ivane Duvoisin, idealizadora do Me Orienta Academy, percebeu a dificuldade dos estudantes em lidar com a pressão do meio acadêmico e sentiu na pele o desafio que é dar conta das demandas que os profissionais têm nesse meio.

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