Como blindar-se da autossabotagem?

Este artigo fala sobre um comportamento muito comum entre as pessoas que desejam se autorrealizar, mas não conseguem porque têm o hábito de se autossabotar. Mas afinal, o que é a autossabotagem? Como e por que ela aparece? Por que tem pessoas que se autossabotam? 

Como funciona o mecanismo da autossabotagem?  Como proceder para se blindar da sua ação?

Muitas vezes criamos coragem e decidimos nos lançar a algo novo. Isso ocorre muito com os estudantes de pós-graduação. Eles se enchem de coragem e se entusiasmam – influenciados, muitas vezes, por outros colegas, ou pelas oportunidades momentâneas que aparecem.  

De repente sentem como se tivessem se lançado a um buraco sem saída. O medo e a falta de autoconfiança começam a paralisá-los. Tentam mudar, agir diferente, mas parece que os mesmos erros do passado os perseguem, como uma sombra. Acabam arrumando desculpas para justificar a não realização dos seus sonhos.

Aí está ela, a autossabotagem, tentando dominar as suas ações e governar a sua vida. 

O psicólogo Frederico Mattos define a autossabotagem como uma bruxa má que habita nosso subconsciente e tenta destruir nossas realizações. Ela quer manter o status quo e garantir que não haja nenhuma grande mudança. Ela é preguiçosa, acomodada, não gosta de responsabilidades nem de obrigações.

Identificamos quando ela entra em ação, quando criamos obstáculos e empecilhos para a realização das nossas tarefas, compromissos, metas, sonhos e objetivos. 

São comportamentos autodestrutivos que podem atrasar nossa vida de diversas formas e em diversas áreas. 

 A autossabotagem consiste em um ciclo de repetições de comportamentos destrutivos gravados em nosso inconsciente. Sabe aquela vozinha interna que fica nos dizendo: é muito difícil, você não tem capacidade, não vale a pena o esforço, é melhor desistir? Sim, essa é a voz da bruxa, também denominada trolador interno, que vem das profundezas do nosso inconsciente. 

Mas, de onde surge esse trolador interno? Como ele se aloja em nosso inconsciente? Ele é resultante de vivências do nosso passado, de palavras que ouvimos, muitas vezes, quando crianças, ou de situações conflituosas, de estresse e de medo. 

Agora é hora de aprender o que fazer para superar todas essas mazelas. Como controlar esse nosso trolador interno? Como driblar a autossabotagem? Primeiramente precisamos saber identificar quando ela entra em ação. 

 Comportamentos padrões da autossabotagem: 

  • Ficar preso na criação, na idealização, e não conseguir entrar em ação para executar as atividades necessárias para a realização. 
  • Ser incapaz de começar aquilo que você se propôs a fazer ou que é necessário executar para atingir um determinado objetivo.
  • Permanecer eternamente na dúvida, a ponto de ficar paralisado, sem saber para que lado ir.
  • Falta de comprometimento com as metas e os objetivos traçados; ou seja, aquela pessoa que arruma sempre uma desculpa externa para justificar o não cumprimento de algo que precisa ser feito.

Antecipe-se a força que lhe sabota

Você tem um prazo para entregar o seu trabalho e sabe que há um sabotador que faz você se envolver com qualquer coisa, menos com a redação de sua monografia, sua dissertação, sua tese. Se isso acontece frequentemente com você, atenção! É o sinal de alerta de que está se autossabotando. 

Mas, não se desespere, vamos agora ajudar você a driblar a autossabotagem. Agora que já sabe reconhecer quando o trollador interno quer tirar você do foco, engane-o, distraia a sua atenção.

Vamos elencar os principais mecanismos de autossabotagem e aprender como enganá-la, ou seja, vamos sabotar o trollador interno.

# 1. Proteja-se contra as distrações

Já observou que basta você se sentar para escrever que o telefone ou a campainha toca? Ou, aparece uma mensagem de um amigo, no Facebook, convidando você para sair? Ou para assistir um filme? Ou seu filho pede que você o leve de carro até a casa da namorada?

Programe-se para sabotar o sabotador. Pense no que você poderia fazer para evitar que essas situações ocorram. Que tal desconectar o Facebook?

Coloque o telefone no silencioso e deixe-o bem longe de você; feche as persianas para dar a impressão de que não está em casa.

Dê outra alternativa ao seu filho, diga-lhe para pegar um táxi porque você está ocupada e não pode atendê-lo no momento. 

# 2. Ofereça recompensas para o seu trollador interno

O trollador interno do nosso subconsciente não aceita derrota, então, não lute contra ele, distraia-o com pequenas recompensas: 

Levante, dê uma corrida na volta da casa, alongue-se, tome um suco; converse com você na frente de um espelho e prometa que, ao finalizar a tarefa, vai se presentear com uma recompensa, que pode ser…

[…]  tomar um chopp com os amigos, tomar café numa cafeteria, andar de bicicleta, entre outras coisas que você adore fazer.

# 3.  Subdivida atividades muito longas em microtarefas

Nosso cérebro é criativo e têm muitas ideias mirabolantes. Ele, em geral, não se contenta com coisas pequenas, pensa sempre grande. O que não é de todo ruim, pois, não fosse isso, você não teria se enfiado nessa empreitada de escrever uma dissertação ou uma tese, não é mesmo? 

O trabalho de pesquisa é longo e denso, portanto, é natural que o nosso trollador interno entre em ação e tente nos sabotar. 

Acontece que o nosso subconsciente não gosta de tarefas longas e enfadonhas, então sabota nossa criatividade na hora de executarmos as tarefas. Como resolver esta situação? 

Sabote o seu sabotador. Subdivida atividades muito longas em microtarefas. Um texto muito longo pode ser subdividido em páginas, assim, você vai vencendo uma a uma e, quando menos esperar, terá completado um capítulo. 

# 4. Divida o tempo em parcelas menores com intervalos curtos

Faça o mesmo com o tempo. Se for difícil para você permanecer focado no trabalho por um período longo, divida o tempo em parcelas menores com intervalos curtos de atividades.

Ao invés de escrever durante uma hora, escreva 25 minutos e descanse 5 ou 10 minutos. Nos intervalos, execute tarefas que não exijam trabalhos intelectuais: coloque a roupa para lavar na máquina, tome um copo d’água, vá ao banheiro, faça alongamento ou qualquer outra atividade. Em seguida retome a escrita.

# 5. Coloque-se em situações de não fuga

Assuma compromissos dos quais você não possa fugir. Por exemplo: prometa ao seu orientador que enviará o que você produziu esta semana, para que possam discutir na reunião previamente agendada. 

Se você precisa fazer prova de proficiência, agende a data do exame, compre as passagens e pague o hotel antecipadamente. Assim, desistir vai custar caro.

Aposte com seus amigos que, se não terminar de produzir aquele capítulo da tese que precisa ser finalizado, você vai lhes pagar uma quantia elevada de dinheiro.

Colocar-se em situações que não tenha como voltar atrás é um ótimo recurso para sabotar o nosso sabotador interno.

# 6. Avise seus amigos e familiares dos seus compromissos inadiáveis

Às vezes nos auto sabotamos assumindo compromissos com outras pessoas; prometendo acompanhá-las na ida ao médico ou nas compras. Para evitar que isso aconteça, avise seus familiares e amigos sobre os seus compromissos inadiáveis com o seu trabalho. 

Peça ajuda quando tiver uma tarefa difícil que precisa cumprir, aqueles que lhe querem bem, com certeza, compreenderão e respeitarão suas necessidades e se tornarão seus aliados para que você cumpra o que se prometeu.

# 7. Recicle o Lixo da Memória

A sabotagem é algo inconsciente, por esse motivo, além dessas dicas, recomenda-se realizar algumas técnicas para reciclar os lixos da memória.  

Augusto Cury, em seu livro Gestão das Emoções, faz referências a essas zonas de conflito do subconsciente dando a elas o nome de janelas Killer. 

Ele alerta que não tentemos apagar os sentimentos negativos, tais como: medos, ciúme, mágoas, timidez, pessimismos ou humor reprimido, pois isso só fará com que o registro automático da memória (RAM) sedimente as janelas traumáticas. 

Cury recomenda reeditar o passado. Segundo ele, não adianta querer anular a história, só se muda a história escrevendo outra. Como fazer isso? Recicle o lixo da memória no exato momento em que ele aparece, e construa janelas light ao redor do núcleo traumático. Uma das técnicas utilizadas para criar essas janelas é a Emotional Freedom Tecniques (EFT), ou acupuntura sem agulhas.

Como funciona a Emotional Freedom Tecnic? 

A EFT é uma técnica de desbloqueio dos traumas emocionais. Foi criada pelo psicólogo Dr. Roger Callahan e, logo, adaptada e divulgada pelo engenheiro Gary Craig. Inicialmente denominada Thought Field Therapy (TFT) e após adaptação ficou conhecida como EFT. 

Esta técnica consiste em reequilibrar os canais por onde fluem as energias do nosso corpo, ou seja, os meridianos energéticos que foram explorados pela acupuntura milenar chinesa para eliminar sintomas psíquicos e psicossomáticos.

 Segundo Gary Craig, as emoções negativas interrompem o fluxo energético desses meridianos e se instalam em nosso subconsciente como traumas e medos. 

O EFT promove o balanceamento energético dos meridianos 

Na prática, funciona com batidas em determinados pontos do corpo por onde circulam os meridianos e, com a repetição de uma frase afirmativa com o intuito de neutralizar qualquer pensamento ou sentimento sabotador: “mesmo que eu sinta esse problema (falar o problema em voz alta), eu me amo e me aceito profunda e completamente”. 

Vá repetindo a frase e batendo levemente nos pontos dos meridianos: na lateral da mão (ponto de caratê), no topo da cabeça, no meio dos olhos, na lateral dos olhos, na lateral do nariz, embaixo do nariz, no meio do peito e abaixo das axilas. 

A cada novo sentimento ou sensações negativas que surjam, repita o processo; ao final observe como está o sentimento e, se ainda houver algum resquício de sentimentos negativos ou conflitantes, continue fazendo o exercício, até eliminar por completo esses sentimentos. 

Referências Bibliográficas

ALVES, Fábio. EFT – Técnica de Libertação Emocional Disponível em https://opoderdoser.com/2014/05/eft-tecnica-de-libertacao-emocional-baixe-o-manual-pdf.html . Acessado em 20/05/2018

CRAIG, Gary. Vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=1wG2FA4vfLQ. Acessado em 20/05/2018

CURY, Augusto. Gestão da Emoção. São Paulo: Saraiva, 2015.

LIMA, André. Vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_8LlCNviLtw. Acessado em 20/05/2018.

MATTOS, Frederico. Como sabotar a autossabotagem? Disponível em https://papodehomem.com.br/como-sabotar-a-autossabotagem. Acessado em 21/05/2018

Sobre a Autora Dr. Ivane Almeida Duvoisin

Durante mais de trinta anos de experiência como professora universitária, Ivane Duvoisin, idealizadora do Me Orienta Academy, percebeu a dificuldade dos estudantes em lidar com a pressão do meio acadêmico e sentiu na pele o desafio que é dar conta das demandas que os profissionais têm nesse meio.

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